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A casinha no meio do caminho

  • Foto do escritor: Mábia Almeida
    Mábia Almeida
  • 24 de jul. de 2020
  • 1 min de leitura

Parava lá toda vez.

Casinha vermelha, desbotada, todinha de sapé,

Feita pelos homens da vila mesmo,

Quando Mãe e Pai iam se casar, presente de todos,

Ficava no meio do caminho.

Toda vez que se ia ou se vinha,

Tinha que passar pela casinha no meio do caminho,

Era pobre, pequeninha, de terreno aberto

Cadeiras de balanço na frente da casa,

Pai e Mãe sentados no fim da tarde,

Dizendo nada, fazendo nada,

Já tinham dito muito, feito demais,

Filhos não tinham lá, não mais,

Ninguém mais pra eles,

Velhinhos, se iam da vida,

E a casinha lá, casinha da vila,

Da comunidade, da gente, que a fizera com tanto carinho,

Em dias tão alegres, tão de glória, tão de festa,

Quando o ardor do amor ainda reinava,

O ardor foi-se com o tempo,

Os filhos vieram e foram-se também,

Sobrou ainda o amor, sem ardor, mas lá,

Pra ir-se com eles, Pai e Mãe, até o fim da vida.

Aquela casinha, tão pobrinha, tão sábia,

Tantas lições, tantos ensinos.













Marta Almeida

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